A especializacao em Saude da Familia da UNA-SUS/UnB proporcionou pensar a metodologia do Planejamento Estrategico Situacional (PES) na realidade do sistema penitenciario na regiao da 8a Delegacia Penitenciaria do Estado do Rio Grande do Sul (8a DPR). E dado que as pessoas privadas de liberdade em nosso pais tem dificuldades de acesso as politicas publicas, por isso, a partir da analise da realidade dessa regiao, no que tange ao acesso a saude e a necessidade de efetivar a Politica Nacional de Atencao Integral as Pessoas Privadas de Liberdade, foi importante a utilizacao do PES para fins de construcao de um plano de acao possivel de ser concretizado nesse contexto. A regiao da 8a DPR conta com 34 tecnicos superiores penitenciarios, responsaveis pelo tratamento penal, o que inclui as questoes de saude que sao demandadas pelas pessoas privadas de liberdade. Para subsidiar esta pesquisa, o grupo construiu uma lista com problemas que evidentemente preenchem os dias de trabalho. Depois disso, a fim de chegar aos principais problemas, foi utilizada a matriz TUC, composta por tres fatores a serem analisados: Transcendencia x urgencia x Capacidade de enfrentamento. Os problemas que ficaram evidentes apos essa analise foram: agravos em Saude mental, Doencas Infectocontagiosas, Uso de substâncias psicoativas e Falta de acompanhamento (Educacao Permanente) ao trabalho desenvolvido pelos servidores penitenciarios. Por questoes de governabilidade, optou-se por pensar estrategicamente os agravos em saude mental. A proposta metodologica possibilitou ampliar a compreensao da rede causal que permeiam essa questao, construindo-se, para isso, um esquema que propoe a compreensao das causas em quatro grandes blocos: determinantes socioambientais e economicos, determinantes culturais, determinantes relacionados ao acesso e qualidade do trabalho da atencao basica em saude e determinantes relacionados ao acesso e qualidade dos demais servicos de saude. Diante do que foi elencado como determinantes, chegou-se a duas questoes principais em relacao aos agravos em saude mental. Primeiro, numero de pessoas privadas de liberdade em uso de medicacao e, segundo, acesso a consultas medicas em saude mental. Refletindo sobre as possibilidades que os tecnicos penitenciarios tem em sua rotina de trabalho, pensou-se que e possivel interferir na questao do controle/cuidado no uso das medicacoes psicotropicas a partir do seguinte planejamento de acoes: acolher os presos que chegam as casas prisionais, conhecer e descrever o perfil do usuario de psicofarmacos, acompanhar o uso, orientar sobre automedicacao e compor a rede de saude do municipio. Outro resultado encontrado com essa pesquisa foi de que, segundo literaturas estudadas, a realidade da regiao nao difere muito do que e encontrado em outros municipios e regioes do pais. No entanto, independente disso, cabe aos servidores da seguranca e da saude buscar incessantemente facilitar o acesso das pessoas privadas de liberdade a rede de saude dos municipios onde se encontram em cumprimento de pena, fomentando a garantia do direito a saude, e, com isso, a reinsercao dessas pessoas na sociedade.