Este estudo objetivou avaliar o estado de vitamina A de puerperas atendidas durante o parto na cidade de Natal/RN. Foram recrutadas no estudo 793 mulheres, 60.1% (n=485) da rede publica e 39.0% (n=310) a rede privada. Amostras de soro (n=619) e leite colostro (n=656) foram coletadas em ambiente hospitalar, apos jejum noturno. O leite maduro (n=154) foi coletado trinta dias apos o parto, em visita domiciliar. Os indicadores bioquimicos (retinol no soro e leite materno) foram avaliados por local de moradia (capital vs interior) e por rede de atendimento em saude (publico vs privado). O consumo de vitamina A foi avaliado referente ao ultimo trimestre gestacional. Para avaliar as diferentes formas de suplementacao materna com vitamina A e suas associacoes com os indicadores bioquimicos (soro e leite materno) formaram-se subgrupos baseados nas suplementacoes que ocorreram durante a gestacao: GC, F1, F2, F3 e no pos-parto: GM. O retinol das amostras foi quantificado por cromatografia liquida de alta eficiencia (CLAE). Para o total de mulheres, a concentracao media de retinol serico foi de 41.8 ± 12.9μg/dL e a prevalencia da DVA foi de 5.3% (n= 33) com retinol ( 0.05). Na estimativa do fornecimento de retinol atraves do colostro e leite maduro, as mulheres da rede publica nao forneceram vitamina A dentro da recomendacao minima para o recem-nascido (AI=400µg/RAE/dia), ao contrario das mulheres da rede privada, que forneceram. O consumo dietetico medio total de vitamina A das parturientes foi de 987.1 + 674.4 µgRAE/dia, sendo 872.2 + 639.2 µgRAE/dia na da rede publica e 1169.2 + 695.2 µgRAE/dia na rede privada, com diferenca altamente significativa (p<0,00001). Na avaliacao individual, 38.4% (n=100) e 17.3% (n=28) das mulheres das redes publica e privada tinham ingestao abaixo da ideal. Ao se estudar as diferentes formas de suplementacao com vitamina A, nao foram encontrados casos de DVA nos grupos suplementados com F1, F2 e F3. Ao se analisar o efeito da suplementacao sobre o retinol do colostro, o grupo F2 (betacaroteno) apresentou mais casos de inadequacao (40%). Os grupos F2 e GM nao forneceram a quantidade de retinol minima recomendada pela AI aos recem-nascidos. No retinol do leite maduro nao houve diferenca entre os grupos GC, F1, F2, F3 e GM e com percentuais de inadequacao mais baixos no GM (14.3%) e os grupos GC e F2 nao forneceram a quantidade de retinol minima recomendada pela AI para os recem-nascidos. Concluiu-se que a prevalencia de DVA entre as puerperas atendidas em Natal foi considerada um problema leve de saude publica na populacao em geral. Os grupos de alto risco neste estudo viviam em cidades do interior, eram atendidos na rede publica de saude e nao tomavam vitamina A, como o suplemento regular durante a gestacao.