A sociedade brasileira tem convivido com a disseminação de informações falsas e de discursos antidemocráticos promovida por meio de tecnologias digitais. A valorização da ciência e de preceitos da Constituição brasileira ganham relevância no início desta década. Para a área educacional, destaca-se o artigo 205 no qual um dos objetivos da educação nacional é a formação para a cidadania. Muitos são os caminhos teóricos e práticos para sua realização. Este ensaio considera que a formação para a cidadania pode ser entendida como processo permanente de desenvolvimento da criticidade sobre as realidades a fim de atuarem nela para transformá-las, em direção a condições mais dignas para todos e o planeta. Essa formação envolve o ensino das ciências em diálogo com os cotidianos e a desnaturalização da presença das tecnologias digitais. Compreender que tecnologias são processos e produtos humanos, carregam em si valores e intencionalidades, faria parte de uma formação para a cidadania em tempos de reafirmação do pensamento científico e do combate à desinformação. No âmbito da educação formal, cada área do conhecimento, em suas especificidades e particularidades, integra essa formação. No caso deste ensaio, busca-se oferecer subsídios teóricos para Educação Química em articulação com uma abordagem crítica frente às tecnologias. Assim, este trabalho apresenta uma costura conceitual sobre tecnologia e ensino de química com vistas à formação para cidadania como formação crítica e ativa em sociedade.