Este estudo visa problematizar os movimentos discursivos que disputam a noção de formação cidadã no contexto escolar e como seu referente opera no discurso pedagógico. Para tal, a proposta configura-se teórico-metodologicamente como um estudo de revisão teórica e abordagem qualitativa. Não obstante, faz-se mister compreender que, muitas vezes, a representação sobre aquilo que nomeamos como formação cidadã e/ou formação para cidadania visa atender as demandas imediatistas de consumo, enquanto dispositivo de substituição de uma formação de consciência crítica e de livre pensar, por aquilo que a cena enunciativa educativa, midiática e mercadológica traz na esteira da inovação pedagógica: o empreendedorismo. Ademais, são múltiplas as confluências de sentidos endereçadas às práticas escolares, legitimadas por meio de políticas públicas educacionais de um “Estado de quase mercado” e até mesmo as propostas escolares mais progressistas podem ser seduzidas pelo discurso neoliberal e reforçá-las como alternativa de resistência. Prontamente, a escola imbricada à preceitos de cidadania na formação de seus estudantes, tende a ser aquela comprometida com as novas exigências contemporâneas, baseada nas competências e nas habilidades empreendedoras da competitividade individual, com efeitos de uma posição de sujeito de “novo tipo”, estudantes gestores de si e dos outros. Em contrapartida, propõe-se pensar a possibilidade de formação cidadã para a diversidade do fluxo de pensamentos, como forma de refletir/agir/refletir sobre o que significa cidadania a partir dos bancos escolares na sociedade contemporânea e como o seu referente opera na trama do social.