Nos últimos tempos a Amazônia têm passado por um processo de “modernização” em que se busca modernizar o território por meio de “uma tecnologia espacial” que lhe imponha uma malha de controle técnico e político, uma “malha programada”, formada pelo conjunto de programas e planos governamentais que aloquem a região à condição de uma fronteira de recursos naturais a ser ferozmente incorporada pelo grande capital. Assim, o Estado brasileiro, na tentativa de “integração” e incorporação da região na divisão territorial do trabalho nas escalas nacional e internacional, passa a investir no processo de modernização da região também por meio da instalação de usinas hidrelétricas, causando a subalternalização e a desterritorialização das populações de cidades, vilas e assentamentos, sejam elas tradicionais ou não. Desse modo, a “modernização” da Amazônia pela construção de hidrelétricas se torna uma temática muito importante a ser discutida, especialmente devido aos impactos que tal modernidade pode provocar nas cidades e nas populações. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho será o de desvelar como a possível construção da barragem de Marabá irá impactar a cidade de São João do Araguaia e a população que ocupa historicamente esse trecho do rio Tocantins, fazendo dele seu território e caracterizando-o por formas de apropriação coletiva e familiar dos recursos naturais que garantam sua reprodução física, social e cultural.