No curso da vida, as pessoas passam a maior parte do seu tempo no desenvolvimento de atividades profissionais. Para a atividade policial militar, há, ainda, a especificidade de que a função é exercida mediante a exposição do indivíduo a perigos e situações diretamente relacionados à criminalidade, o que torna o trabalho mais árduo e extenuante, não somente do ponto de vista físico-corporal, mas eminentemente psicológico e social. E a exigência sobre o aspecto psicológico do policial aumenta quando, apesar da exposição severa a fatores deletérios geradores de estresse e das situações adversas, ele precisa realizar a interação com o público de forma educada e cordial – o que passa a ser, também, fator de desestabilização emocional. Assim, as condições de trabalho dos policiais militares podem, ao longo do tempo, prejudicar sua saúde e ocasionar altos índices de absenteísmo, motivados pela peculiaridade da atividade, levando ao envelhecimento funcional. Nesse contexto, por meio de uma revisão integrativa de literatura, baseada em resultados de pesquisas qualitativas e quantitativas, este artigo buscou aferir se o envelhecimento humano do efetivo pode gerar consequências para a qualidade da atividade policial militar. Foram encontrados trinta estudos, com base nos critérios de inclusão previamente definidos, e seis deles foram selecionados para a análise final, assim fazendo parte do escopo desta revisão. O estresse que o policial militar vivencia no curso do dia de labor varia em grau de intensidade, desde o momento em que inicia o serviço até o momento em que termina o seu turno. Além disso, em muitos casos, o profissional se depara com situações de ocorrências em andamento, em que não é possível transferir o serviço ao final do turno. A jornada noturna é ainda mais nociva para a saúde, gerando acréscimo de cansaço físico e mental, podendo levar ao agravamento de patologias e disfunções, como hipertensão arterial, úlcera péptica, obesidade e depressão, além de ter contribuições diretas no envelhecimento precoce desse policial. Diante disso, concluiu-se que as características únicas do trabalho do policial militar parecem influenciar o sofrimento e o envelhecimento dessa classe profissional, bem como o absenteísmo. Essas particularidades, a longo prazo, trazem consequências para a vida e saúde dos policiais, refletidas nos depoimentos desses profissionais, que avaliam o trabalho como cansativo e com nível de estresse sempre presente. Todos esses fatores podem influir na qualidade do serviço prestado à população e na eficiência dos índices de segurança pública.