A partir da apresentação do caso clínico de um sujeito adolescente transgênero em um serviço público de saúde, abordamos as dissonâncias entre a concepção de sujeito estabelecida pela modernidade científica e tratada pela medicina e o sujeito operado pela psicanálise. Analisamos a especificidade da psicanálise con- siderando o contexto institucional atravessado por distintos saberes, em especial no que tange ao entendimento da sexualidade. Levantamos a hipótese de que a maneira de lidar com as questões trans depara-se com o que Thomas Kuhn identi- ficou como ciência normal. Associamo-lo ao lugar do sujeito adolescente, o qual, na sociedade em que vivemos, presentifica o questionador, por seu encontro com a falta do Outro, já descrito por Freud em 1905. Finalmente, afirmamos a posição política do analista ao franquear um espaço de legitimação da fala desses sujeitos.