Estruturas de interação são padrões repetitivos que ocorrem entre terapeuta e paciente, mesmo que não sejam conscientes por ambos. Na pesquisa empírica, elas ajudam a compreender como se estabelece o processo de mudança em psicoterapia. Nesse sentido, esta investigação utilizou 68 sessões de psicoterapia psicanalítica de um caso do uma jovem paciente com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) com o objetivo de identificar as estruturas de interação e sua correlação com o tempo de tratamento. Os dados foram gravados em vídeo e posteriormente codificadas através do Psychotherapy Process Q-Set (PQS), por duplas de juízes treinados na metodologia Q-Sort. A partir desses dados, foi realizada a análise fatorial do tipo Q de componentes principais que indicou quatro estruturas de interação, sendo Fator 1: Colaborativo; Fator 2: Resistência; fator 3: Aliança/Ruptura e fator 4: Apoio/Encorajamento. As estruturas indicaram que a interação se voltou para o trabalho de manutenção da interação colaborativa, através de uma posição empática do terapeuta, direcionado para o reconhecimento dos estados internos do paciente. Apesar do trabalho colaborativo, a resistência também surgiu como um padrão repetitivo. O terapeuta se tornou diretivo com intervenções estruturadas e questionando o paciente, desta forma contribuindo para o desenvolvimento da capacidade de mentalização. Implicações sobre o processo psicoterápico e indicações para estudos futuros são apresentados com o intuito de contribuir na compreensão sobre o tratamento de pacientes com TPB em psicoterapia psicodinâmica.