Objetivo: o objetivo deste trabalho é gerar uma discussão sobre duas práticas de desenvolvimento acontecidas no Brasil e na Costa Rica durante os primeiros meses da pandemia da Covid-19. A reflexão é acompanhada de insumos teóricos das abordagens pós-desenvolvimentistas, com a finalidade de aportar novos elementos de análise que contribuam para o aprofundamento da crítica epistemológica e sociopolítica aos processos de apropriação da natureza pelo modo de produção capitalista na América Latina e suas implicações nos tempos da Covid-19. Metodologia: quanto ao delineamento metodológico, as práticas de desenvolvimento apresentadas foram construídas como estudos de caso, em função do estipulado pela pesquisa qualitativa, que sugere a importância da identificação dos atores envolvidos na expressão de um fenômeno, suas interações complexas e o mapeamento das narrativas e estratégias de sobrevivência e resistência que emergem como formas de superação dos conflitos. Resultados: a análise dos resultados propõe um giro ontológico na abordagem reflexiva do desenvolvimento que é coincidente com a adoção de olhares alternativos para entender as crises socioambientais originadas no Antropoceno. Com o propósito de debater as possibilidades de análise que oferecem os novos olhares epistêmicos e onto-políticos, as duas experiências empíricas permitem exemplificar a inadequação das categorias tradicionais para atender os cenários de contingência, sendo pertinente a incorporação de abordagens não centrados em medidas de controle, securitização e planejamento. Conclusões: as conclusões sugerem que o conjunto destas reflexões permite uma melhor compreensão sobre as formas em que ciência, política e natureza articulam-se nas sociedades contemporâneas. Este conhecimento é fundamental nos estudos sobre as práticas de legitimação da democracia, os projetos alternativos de cidadania e o surgimento de novas identidades territoriais.