O estudo aqui apresentado objetivou acompanhar o processo de apoio matricial em saúde mental em uma equipe de saúde da família no município de Porto Alegre para produzir conhecimento acerca deste dispositivo de cuidado. O Ministério da Saúde brasileiro aponta o apoio matricial como estratégia de mudança nos modos de gerir e cuidar em saúde, constituindo estratégia potente para a articulação das ações de saúde mental na atenção primária. A pesquisa utilizou-se do método cartográfico com a realização de três rodas de conversa e acompanhamento das reuniões entre equipe apoiadora e equipe de saúde da família durante oito meses. Analisaram-se os materiais registrados nos diários de campo, atas das reuniões de equipe e relatos das discussões de caso. O apoio matricial mostrou-se importante estratégia de interferência nos processos de trabalho, construído na singularidade dos encontros e nas descontinuidades do processo. Em alguns períodos, houve maior envolvimento das equipes nos espaços de discussão e gestão do cuidado, com reverberação do fazer junto através da realização de interconsultas e visitas na rede intersetorial. Em outros momentos, permeado pelas fragilizaçõesinstitucionais, este dispositivo foi importante para apoiar as/os trabalhadoras/es. Nesta experiência, o apoio matricial possibilitou ampliar o olhar e as ações de promoção de cuidados em saúde mental na atenção primária através da produção de saberes e práticas em ato.