Já há muito a fala feminina foi banida do campo da fala pública.Esse banimento tem uma força tamanha que seus ecos se estendem até os nossos dias, em que pesem as profundas transformações históricas que se processaram ao longo dos séculos.Por essa razão, uma história da fala pública (COURTINE; PIOVEZANI, 2015) não poderia contornar as exclusões e as discriminações de que a fala feminina foi contínua e constantemente objeto.Mais atuante do que talvez pudéssemos supor, há uma "sexuação" nas práticas e nas representações da fala pública.Essa sexuação consiste no fato de que as repartições entre as possibilidades e os efetivos exercícios da fala pública e entre seus poderes, alcances e efeitos são atravessadas e constituídas por uma histórica e social divisão entre os universos masculino e feminino