A partir da escritura da epopeia de Hesíodo, efabulações da cena do engolimento dos filhos de Crono se tornaram recorrentes na iconografia ocidental, com numerosas releituras produzidas desde a Antiguidade clássica até o período romântico. Nesse cenário, por intermédio de uma perspectiva comparatista e semiótica, se analisa a tradução da segunda fase cósmica da Teogonia, elaborada por Francisco de Goya, em Saturno devorando um filho. Constata-se que a composição do poema se estabelece no passado épico absoluto e da pintura no inquietante. Ademais, se reconhece a transversalidade do processo de significação nas matrizes verbal e visual entre as obras.