Este trabalho tem como objetivo apresentar as diferentes formas de apropriação espacial por mulheres e travestis que desenvolvem a atividade de prostituição na região da Avenida Getúlio Vargas, na cidade de São Carlos/SP. A etnografia contribuiu para a percepção de como as profissionais do sexo produziam, viam e se relacionavam com este espaço e com a cidade, bem como possibilitou notar que, para elas, esta região possuía divisões, apropriações específicas e características próprias. Toda a referida região, que inclui a Avenida, era por elas percebida como Rua, e esta, por sua vez, era classificada em categorias, como frente, atrás, dentro, baixo e fundo, apresentando uma sintaxe própria, códigos internos que, de certa forma, atrelavam espaços e corpos. A partir desse contexto, argumento que a Rua apresenta possibilidades analíticas que parecem extrapolar os limites colocados por alguns conceitos e categorias muito mobilizados na antropologia urbana (tais como Casa & Rua; Pedaço; Código-Território), permitindo reflexões sobre as relações entre apropriação e construção de espaços e corpos.