Este artigo propõe discutir diferentes funções que o uso de drogas pode ter para um sujeito. Partimos de uma revisão teórica, iniciada com a afirmação do psicanalista Jacques Lacan (1975/1997, p.117) de que não haveria “nenhuma outra definição da droga que não seja esta: o que permite romper o casamento com o pequeno-pipi”. Seguimos com a elaboração de outros psicanalistas, que, ao longo dos anos, descobriram que este consumo pode operar de modo distinto à ruptura do enquadre fálico do gozo. Ele pode, diversamente, limitar os efeitos devastadores do gozo para um sujeito. O artigo vai além da revisão teórica, e fundamenta sua argumentação na análise de um caso clínico, que, justamente, leva à discussão da premissa lacaniana, mostrando que o uso de drogas não se deixa reduzir a uma única função.