Chega de adiar. A hora de começar o processo criativo havia chegado. Era o momento de enfrentar a solidão da sala de ensaio. Era o tempo do esperado encontro com esse eu que aspirava à ideia de ator-autor. Depois de tanta “preparação”, encontrava-me na ansiosa situação do blind date. Os pressupostos teóricos e os materiais que no momento me serviram de preparação tinham me “arrumado” para o esperado encontro com o desconhecido. Mas, como acontece nesse tipo de situações, na hora, parecia-me que não tinha escolhido as roupas adequadas e que poderia ter dedicado mais tempo no meu apresto. Tratava-se de uma situação desconfortável, cheia de silêncios e movimentos desajustados. Foi um encontro longo e difícil. O desconhecido acabou sendo tão silencioso e inexpressivo quanto eu. Saí da sala de ensaio com uma sensação de frustração que só encontrou consolo na esperança de um segundo encontro mais frutífero.