Aproximando imagens cinematográficas, poéticas e traquinagens, este artigo procura desestabilizar certezas sobre infância e relações de gênero. Experimentando uma etnografia de tela, nos encontramos com “O sonho de Wadjda”, em uma dupla caminhada: acompanhando os passos da menina-personagem e da diretora do longa-metragem, Haiffa Al Mansour, em suas possibilidades de transver, desdizer, inventar realidades. Enquanto esta subverte seu lugar de mulher-cineasta na cultura androcêntrica/patriarcal árabe, Wadjda, guiada pelo desejo de comprar uma bicicleta verde, põe em xeque as engrenagens religiosa e escolar que limitam seu território existencial. Mansour e Wadja reinventam a própria vida e, assim, nos convidam a embarcar em devires-criança e devires-mulher.