A jornalista e escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch reuniu em um ciclo de obras a experiência de homens e mulheres comuns que viram suas vidas se transformarem completamente diante de um evento traumático. A presença de narrativas biográficas nessas obras é relevante não só para entender os eventos que marcaram a história da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), como para transmitir conhecimento através dessas narrativas. O presente artigo utilizou como base teórica a abordagem que Walter Benjamin emprega para defender a narrativa como difusora de patrimônio cultural, buscando compreender a atuação do leitor no que diz respeito a sua receptividade às narrativas presentes em Vozes de Tchernóbil, livro que aborda a vida daqueles que foram afetados pela enorme dispersão de partículas radioativas na atmosfera, após a explosão na usina nuclear de Tchernóbil, reconhecendo elementos textuais que contribuem para a durabilidade da obra e transmissão do patrimônio cultural após a catástrofe de Tchernóbil.