O desenvolvimento dos estudos pós-coloniais possibilitou pensar novas maneiras de compreender e interpretar a produção literária de diversos países que sofreram a dominação colonial. Nesse contexto, o romance africano sofreu diversas rupturas e conheceu novas experiências poéticas depois das independências. Deste modo, proponho analisar comparativamente a expressão da violência em três romances vindos de três inspirações literárias nacionais distintas. Escolhi os autores Mia Couto, de Moçambique, Sony Labou Tansi, do Congo, e J. M. Coetzee, da África do Sul. Eles permitirão elaborar uma análise comparativa para mostrar que, apesar da existência de diferenças nos percursos coloniais e de pós-independências, as questões ligadas à violência por vezes se repetem. Como exemplo de representação societal da violência, irei analisar a construção da alteridade negativa. Do ponto de vista formal do texto, será interessante observar as variações linguísticas e o uso inventivo da língua para conquistar um espaço na língua e na literatura de onde falar,1 realizando uma tradução e hibridação2 de culturas. Por fim, analisarei a função do humor como vetor de crítica e reelaboração de uma ideia de sociedade.