O presente artigo busca compreender as representações sociais no cinema documentá- rio, a partir dos elementos estéticos determinantes para a expressão e o levantamento de questões que envolvem o cotidiano da cidade, no filme Sonho Real: uma história de luta por moradia (2005). Dentre estas questões, encontram-se o déficit habitacional estatal, a disputa coletiva de espaços urbanos para a construção de habitações populares, o exercício oculto da força policial em áreas suburbanas e a divulgação jornalística marcadamente ideológica de fatos envolvendo o uso da violência policial. Tais questões dizem respeito ao conflito social que envolveu a ocupação de uma propriedade privada, em maio de 2001, na cidade de Goiânia, articulada pelo movimento dos sem-teto. Um gênero de conflito social comum nas cidades brasileiras. A análise pôde destacar três aspectos que repercutiram decisivamente no perfil de sua maneira de representar o conflito e oferecer um novo olhar sobre fenômenos de embate social no cinema documentário: a) valorização autoral de padrões interpessoais de evidência e argumentação que determinam seu compromisso com a objetividade no documentário, b) a captação da tomada cinematográfica que recorta e registra a circunstância de mundo – onde sobressai a luta por moradia – no seu transcorrer e c) a construção de uma representação que expressa o conflito social sob a perspectiva política de segmentos sociais oprimidos pelas forças policiais no mundo urbano, neste caso, os sem-teto