Neste trabalho examina-se a religiosidade na Penitenciária Feminina
 do Distrito Federal (PFDF). Ou seja, analisa-se o papel que desempenham os
 grupos religiosos e os discursos cristãos nessa instituição total sobre mulheres
 encarceradas. Assim, primeiro realiza-se uma breve etnografia que descreve a
 forma como opera a religião na PFDF: as diversas igrejas que assistem as internas,
 a distribuição dos horários, o sistema de participação nos cultos, entre outros.
 Depois, considerando que o processo de aprisionamento produz sujeitos
 institucionalizados, interpreta-se o aspecto religioso como um dos mecanismos
 de poder e controle que a instituição exerce sobre a massa carcerária para tê-la
 mais calma e dócil e, simultaneamente, como um dos mecanismos de adaptaçãoresistência que adotam as internas para suportar a hostilidade do dia-a-dia da
 prisão. Embora as suas limitações, que também serão sinalizadas neste trabalho,
 a religiosidade efetivamente atua como um dos caminhos de volta à singularidade,
 preenche de sentido e de finalidade a vida atrás das grades: razões fundamentais
 para sobreviver ao aprisionamento.