A razoabilidade e o ideal basico de uma educacao filosofica. Esse ideal e especialmente expresso no programa de “Filosofia para Criancas” (FpC) pela nocao, ainda aberta a multiplas interpretacoes, de “boas razoes”. “Ser razoavel” significa, num sentido amplo, a tendencia, o habito bem cultivado, de dar, perguntar e analisar razoes para nossos pensamentos, sentimentos, acoes, palavras ou desejos. O que isto demanda aqueles que participam da comunidade de investigacao e o permanente esforco de pesquisar pelas melhores razoes para o que somos, sentimos, pensamos, falamos ou queremos fazer. Por que as boas razoes sao necessarias? Como podemos avaliar essas razoes? O que nos permite distinguir entre a boa e a ma razao? Quais sao as principais caracteristicas da boa razao? Essas sao algumas das principais questoes que eu pretendo examinar neste artigo. Eu comeco tentando esclarecer o que nos leva a necessidade de dar, perguntar e analisar razoes. Depois, tento responder a questao que considero central: o que e, ou em que consiste, uma boa razao? Concluo meus pensamentos com algumas notas sobre a possibilidade e o significado da “logica das boas razoes” e o papel que isso desempenha no programa de filosofia para criancas. Mostro a diversidade das razoes que podem ser oferecidas de acordo com as circunstâncias e os circulos de interesse nos quais nos movemos. Desde que vivemos em diferentes mundos (os do dia-a-dia, da teoria, da decisao moral e quem sabe quais outros mundos possiveis nos criamos atraves da fantasia), os tipos de razoes que devemos oferecer em cada caso podem ser completamente diferentes. Portanto, o criterio de acordo com o qual podemos analisar as razoes oferecidas em cada contexto pode ser tambem muito diferente. Enfatizo que a boas razoes sao, em sua maioria, intuitivas; ou seja, nao sao mediadas por uma longa analise, mas “emergem” em nossas mentes, ao contrario, “espontaneamente”. Embora as boas razoes possam surgir num sentido mais intuitivo, em geral elas sao sustentadas por um longo processo de analise. As boas razoes nao poderiam ser assim se elas nao fossem oportunas; portanto, elas nao podem demorar muito para aparecer; circunstancias que pressionam exigem que elas aparecam prontamente. Contudo, elas nao sao produzidas casual ou acidentalmente. Com efeito, elas sao preparadas no nosso exercicio permanente de fazer bons julgamentos, isto e, juizos cuidadosos, relevantes e bem iluminados. Isso implica num processo de decomposicao de uma situacao problematica pelas suas partes constitutivas (ou seja, um exercicio de analise), o que ocorre muito rapido em nossas mentes e mostra-se terminado naqueles os quais se esforcam permanentemente para raciocinar de modo sensivel e coerente quando confrontados com situacoes distintas. Palavras-chave: razoabilidade; boas razoes; criterio; intuicao