A cultura da cana-de-acucar tem grande relevância na economia brasileira. A agroindustria sucroenergetica origina uma grande quantidade de sub-produtos, como o bagaco e a palha. Varios estudos tem sido conduzidos no intuito de utilizalos como materia-prima para a obtencao de diversos produtos, como o etanol celulosico, energia e diversos compostos de interesse industrial. As biomassas lignocelulosicas, como o bagaco da cana, sao compostas principalmente de celulose, hemicelulose e lignina, sendo que a proporcao de cada componente e dependente de diversos fatores. No caso da cana, ha variedades que apresentam diferentes teores de fibra e, ao pensar em utilizar o material residual para geracao de produtos de maior valor agregado, e muito importante conhecer a composicao dessa fibra. A celulose e um polimero de glicose unido por ligacoes glicosidicas ?1-4, rigida e muito resistente a hidrolise. A hemicelulose e um polimero de baixa massa molecular composta por pentoses, hexoses, e/ou acidos uronicos e mais susceptivel a hidrolise quando comparada a celulose, uma vez que apresenta menor grau de polimerizacao. Por fim, a lignina e uma substância hidrofobica, com estrutura tridimensional e amorfa, altamente ramificada e sintetizada a partir de tres precursores, o alcool coniferilico, o alcool sinapilico e o alcool p-cumarilico. Varios compostos de interesse tem sido descobertos nas biomassas lignocelulosicas, neste contexto surgem as biorrefinarias, onde sao obtidos produtos de elevado valor agregado e energia por rotas bioquimicas ou termoquimicas e de maneira sustentavel. A classificacao proposta no trabalho objetiva padronizar posteriores discussoes relacionadas a classificacao da fibra da cana e auxiliar os melhoristas na obtencao de novas variedades comerciais. O proposito do estudo foi avaliar a constituicao da fibra de diversos genotipos de cana-de-acucar com altos teores de fibra, propor um modelo para classificacao da cana-de-acucar de acordo com a composicao dessa fibra e investigar o potencial dos genotipos analisados para uso em biorrefinarias na obtencao de produtos como etanol de segunda geracao, polietileno verde e xilitol. Os resultados obtidos indicaram que o genotipo 196 foi o que apresentou a maior porcentagem de celulose (54,18 %) e o 192 foi o que apresentou a menor quantidade desse componente (26,47 %). Em relacao a hemicelulose, o genotipo 77 foi o que apresentou o maior (25,97 %) teor e o 167 (16,71 %) o menor. Por fim, o genotipo 166 (27,13 %) foi o que apresentou maior quantia de lignina em sua composicao e o 27 (17,7 %) a menor. Em relacao a classificacao, a maior parte dos genotipos analisados foram classificados como C2H4L4, ou seja, apresentam de 40 a 50 % de celulose, de 20 a 25 % de hemicelulose e de 20 a 25 % de lignina na composicao da fibra. No contexto de biorrefinarias, o genotipo 196 mostrou maior potencial para obtencao do etanol celulosico e do polietileno verde, uma vez que apresentou maior teor de celulose na fibra. Para obtencao do xilitol, o genotipo 77 se mostrou mais promissor,…